sexta-feira, 23 de maio de 2014

Petrobras confirma mais uma descoberta no pré-sal



A Petrobras concluiu o teste de formação do poço 1-SPS-98 (1-BRSA-1063-SPS), informalmente conhecido como Sagitário, localizado em águas ultraprofundas no pré-sal da Bacia de Santos.
Os resultados obtidos com o teste de formação comprovaram a boa produtividade da descoberta, que já havia sido informada ao mercado em fevereiro, quando o poço ainda estava em fase de perfuração. O teste ainda indicou que os reservatórios têm boa permeabilidade.
Esse é o primeiro poço perfurado no bloco BM-S-50 e está situado a 194 km do litoral de São Paulo, em profundidade de água de 1.871 metros.
O poço atingiu a profundidade final de 7.110 metros. A partir de 6.144 metros de profundidade foram constatados 159 metros de reservatórios do pré-sal com petróleo de boa qualidade (32º API).
O consórcio, operado pela Petrobras (60%) em parceria com a BG E&P Brasil (20%) e Repsol Sinopec Brasil (20%), dará continuidade às atividades previstas no Plano de Avaliação da Descoberta (PAD) aprovado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
(Com informações Agência Petrobras de Notícias)

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Reservatório de água é descoberto através de diamante brasileiro


Um diamante marrom, de aparência suja, sem valor comercial, encontrado no Brasil, abriga informações sobre os elementos que compõem uma camada de extensa profundidade no Planeta.
Segundo pesquisadores da Universidade de Alberta (Canadá), em estudo publicado em março na revista científica Nature, o diamante possui um mineral denominado ringwoodite, que absorveu uma quantidade significativa de água ao longo do tempo. A descoberta do mineral aponta que existem imensas quantidades de recurso hídrico aprisionados em uma zona entre 410 e 660 km abaixo da superfície, entre as camadas superior e inferior da Terra.
O ringwoodite é uma forma do mineral peridoto, que se acredita existir em grande quantidade sob enorme pressão debaixo da Terra. A pesquisa constatou também que 2,5% do peso do mineral correspondem à quantidade de água encontrada nele.
De acordo com Graham Pearson, da Universidade de Alberta, que liderou a pesquisa, a amostra fornece confirmações de que existem trechos úmidos no fundo da Terra. Esta zona, em particular, classificada como zona de transição, pode ter a mesma quantidade de água de todos os oceanos do mundo juntos. Esta água não está na forma de oceanos líquidos subterrâneos, mas aprisionada em minerais, esclarecem os cientistas.
O diamante, o qual foi formado nas profundezas do solo, foi descoberto no ano de 2008 em Juína, no interior do Mato Grosso. Neste local, os mineradores o encontraram entre o cascalho de um rio pouco profundo. Segundo relato dos pesquisadores, ele foi levado para a superfície do planeta por uma rocha vulcânica conhecida como kimberlito.
Os ringwoodites também têm sido visto em meteoritos. No entanto, esta foi a primeira amostra terrestre encontrada.
Já existem debates entre alguns especialistas sobre a composição da zona de transição da Terra e se está repleta de água ou não. Para os pesquisadores, indicar que existe água lá tem implicações direcionadas ao estudo do vulcanismo e das placas tectônicas.
Fonte: Pensamento Verde

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Se quiser, pega: helicóptero dos Perrellas deixou 50 kg de cocaína em hotel de São Paulo


Sempre que traficantes são presos no Brasil, aparecem líderes de quadrilha nos morros do Rio de Janeiro e, como evidência da riqueza deles, são exibidas imagens de sobrados em favela com banheira de hidromassagem, TVs de tela plana e bugigangas banhadas a ouro.
Numa das últimas operações, chamada pela Polícia Federal de “Durga”, a líder de uma quadrilha “interestadual” seria uma jovem de 18 anos, loira e bonita. A notícia saiu com destaque nos telejornais da Globo.
A loira, que está presa, aparece em imagens do circuito interno da rodoviária do Tietê, em São Paulo, e puxa uma mala de rodinha, onde haveria cocaína escondida em garrafas de vodca.
No caso da apreensão de 445 quilos de pasta base de cocaína em Afonso Cláudio, no Espírito Santo, a PF esbarrou em figuras bem mais proeminentes do que os chefes nas favelas do Rio ou a loira da rodoviária de São Paulo.
O helicóptero usado para transportar a droga pertence a um senador e a um deputado estadual, pai e filho, Zezé e Gustavo Perrella, grandes empresários em Minas Gerais.
Mas, segundo a Polícia Federal, eles não têm envolvimento algum com a quadrilha. E esta não é a única ponta desamarrada na história. Há uma escala da aeronave que foi simplesmente deixada de lado nas investigações.
A pista que nunca foi seguida surgiu de anotações feitas à mão pelo piloto Alexandre José de Oliveira Júnior, que indicavam os lugares onde o helicóptero deveria pousar na sua viagem para buscar pasta base de coca no Paraguai.
Numa das folhas, Alexandre anotou as coordenadas de satélite: – 23.06.44.7 e – 46.42.59.3. O GPS utilizado na viagem, que registra o trajeto do voo, confirma um pouso bem próximo dessas coordenadas: – 23.12.06.68 e – 46.71.34.09.
De posse dessas informações, confirmadas pela perícia, a Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo pediu o apoio de agentes do órgão em São Paulo.
O agente José Rebello Montenegro foi com mais dois colegas para o local indicado pela anotação e pelo GPS, no município de Jarinu, a 45 minutos de São Paulo.
Naquela época, a PF parecia ter pressa. A diligência foi feita no dia 27 de dezembro, dois dias depois do Natal.
Os policiais foram à prefeitura da cidade em busca de informações sobre o imóvel, mas encontraram tudo fechado. Era o recesso de fim de ano.
No cartório de Atibaia, que guarda os registros de imóveis da região, tiveram mais sorte. O órgão funcionou naquela semana entre o Natal e o Ano Novo, em que quase nada acontece, e ali descobriram que as coordenadas do GPS correspondiam ao maior complexo turístico da cidade, o Parque D’Anape.
O hotel, de propriedade dos irmãos Celso Antônio e Christiane Daud Pereira, funciona numa fazenda.
Em seu site na internet, o Parque D’Anape se apresenta como um hotel que proporciona a seus hóspedes uma estadia extremamente agradável. Cercado de montanhas, muito verde e pássaros silvestres.
O contato com a natureza não é a única vantagem que o hotel destaca. “Você desfrutará de apartamentos confortáveis, diárias com café da manhã, sem falar no carinho, atenção e aconchego que é oferecido pela nossa equipe”, informa.
O Parque D’Anape é também conhecido pelos shows que promove. A dupla sertaneja Bruno e Marrone esteve lá e está programada para o dia 23 de maio a Noite Portuguesa com o cantor Roberto Leal.
No relatório final da PF, entregue à Justiça federal, a delegada Aline Pedrini Cuzzuol recomendou mais investigação sobre o D’Anape.
– Se fazem necessárias diligências no local a fim de obter informações sobre a propriedade onde de fato ocorreu o pouso e depois proceder diligências ‘in loco’ e a oitiva dos respectivos proprietários.
A delegada deixou entre parênteses uma suspeita grave:
– Podem ser os proprietários da droga apreendida.
A recomendação da delegada até agora não foi atendida. Eu entrei em contato com a proprietária do Parque D’Anape, Christiane Daud Pereira.
Ela disse que não foi procurada pela polícia e negou que tenha havido pouso de helicóptero na propriedade. “É um absurdo, eu sou contra droga”, afirmou.
Mais tarde, o advogado dela me procurou para reforçar a negativa. “A posição é esta: não houve pouso de helicóptero”.
Numa entrevista que me concedeu, registrada em vídeo, o piloto Alexandre garantiu o pouso no hotel, informação confirmada pela anotação que fez ao planejar o voo.
No papel manuscrito, um detalhe chama a atenção. O piloto faz referência a dois carros que lha dariam apoio em Jarinu. Está escrito que um deles seria um Jeep verde, veículo que até pouco tempo circulava pelo Parque D’Anape como propriedade do marido de Christiane.
Alexandre afirma que a droga foi descarregada ali no dia 23 de novembro, sábado, antes que o helicóptero fosse para o Campo de Marte, em São Paulo, onde a aeronave pernoitou.
No dia seguinte, o helicóptero voltou ao hotel, recarregou a droga e partiu para o destino final, Afonso Cláudio, no Espírito Santo.
Segundo o piloto, no hotel ficaram cerca de 50 quilos de pasta base de cocaína. “Foram três sacolas pretas cheias e bem pesadas”, declarou.
Para um policial de São Paulo com experiência em investigação de narcóticos, a Polícia Federal encontrou uma mina de informações preciosas, mas não aproveitou a oportunidade.
Segundo ele, a PF abandonou o “garimpo” e deixou a investigação sob o risco de ir parar na lata do lixo por causa de uma suposta utilização de provas ilícitas – leia-se grampo.
Um exemplo é o que aconteceu depois que os agentes da PF em São Paulo levantaram informações sobre a escala do helicoca em Jarinu e encontraram o hotel fazenda Parque D’Anape. Ou seja, nada.
Do DCM

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Dilma, Aécio e Eduardo, agora a conversa ganhou clareza

Autor: André Singer


Por um momento o debate político voltou a ter a nitidez anterior a 2002. Tudo começou com a frase, surpreendente pela franqueza, que o pré-candidato do PSDB Aécio Neves soltou a empresários em São Paulo. O neto de Tancredo disse estar “preparado para tomar as decisões necessárias, por mais que elas sejam impopulares” (Folha, 2/4). Dez dias depois, o coordenador do programa econômico do senador, Armínio Fraga, não só confirmou a declaração como deu algumas pistas do que ela significa (O Estado de S. Paulo, 13/4).

Outra quinzena transcorrida, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, um dos principais formuladores da chapa Eduardo Campos-Marina Silva, reconheceu em um encontro na Globonews (26/4) não haver, entre os que pensam o programa da dupla socialista-sustentável qualquer diferença importante em relação à equipe tucana, no que diz respeito à economia brasileira.

Por fim, na véspera do Primeiro de Maio, a presidente Dilma Rousseff, provável candidata do PT, foi à TV responder aos adversários. Numa alusão clara à “coragem” aecista, Dilma prometeu que o seu governo “nunca será o da mão dura contra o trabalhador”.

O que está em jogo nos movimentos acima descritos é a posição das candidaturas majoritárias a respeito da necessidade de se fazer um ajuste de caráter recessivo no país em 2015. Há uma espécie de frente ampla capitalista em torno de tal perspectiva, que se expressa nas menções, cada vez mais comuns, às pretensas “dificuldades” que aguardariam o Brasil no ano que vem.

Segundo Armínio Fraga, na entrevista supracitada, é preciso adotar um controle estrito do gasto público, adotando-se, talvez até em lei, um limite de dispêndio em relação ao PIB. Não é difícil perceber que tal enxugamento reforçaria o combate à inflação pela via do corte de demanda, já em curso por meio dos juros altos que o BC determina, satisfazendo, assim, o anseio do mercado por um choque.

Também Eduardo Campos acha que “é imperioso recuperar a confiança dos investidores” (bit.ly/SiyI8Y). Embora se arrisque menos que Aécio no sincericídio, como convém a uma opção de centro, o compromisso do neto de Arraes não é muito diferente do assumido pelo neto de Tancredo. Haja vista a defesa que primeiro tem feito da independência do Banco Central.

Empurrada pela queda nas pesquisas, Dilma deu um passo na direção oposta ao anunciar que vai continuar a valorização do salário mínimo, reajustará a Bolsa Família e a tabela do Imposto de Renda. Tais medidas implicam aumento do gasto. Resta saber se tal disposição se aprofundará ao longo da campanha e, sobretudo, se tomará corpo no próprio governo, em caso de vitória. Seja como for, por agora a conversa ganhou alguma clareza.

André Singer é cientista político e professor da USP, onde se formou em ciências sociais e jornalismo.