PSDB / REPRODUÇÃO
Cena do programa eleitoral gratuito do PSDB, em que o candidato da oposição voltou a perder a chance de mostrar que tem propostas para o país
A propaganda partidária do PSDB nacional na TV foi ar na quinta-feira (19), e foi estrelada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), dentro da estratégia do partido de promover seu pré-candidato a presidente.
Na propaganda, o tucano faz uma incursão pelo Nordeste, em Campina Grande, na Paraíba. Uma simpática moça fala sobre sua barraca que mantém numa feira da cidade, onde vende refeições – o marqueteiro a escalou no roteiro para reclamar do preço dos alimentos. Ela aparece no supermercado fazendo compras e falando que "no início do ano o feijão estava a R$ 3 e hojen para comprar a R$ 6 ou R$ 7 é uma briga".
O problema é que segundo levantamento do Proconmunicipal da cidade, neste mês de setembro, o feijão pode ser encontrado com o menor preço de R$ 2,19 e o maior preço de R$ 4,33 conforme o estabelecimento. Ou seja, a propaganda tucana faltou com a verdade, colocando preços até três vezes mais caros do que a realidade.
Não culpemos Suênia, a simpática paraibana que apareceu fazendo compras, por isso. Há a possibilidade de ela apenas ter sido dirigida pelo marqueteiro com um roteiro que acabou se tornando de ficção, ou a possibilidade da gravação da propaganda ter sido feita em outro período crítico de entressafra, com queda na produção por causa da seca, fazendo os preços atingirem um pico no passado. E o marqueteiro pode ter aproveitado as imagens de gravações antigas só agora, sem o compromisso com a verdade atual dos preços.
Em outra passagem do vídeo, Aécio aparece com produtores de soja de Mato Grosso fazendo críticas à logística de transporte. Definitivamente, o senador, em seu papel de oposição, não estava com sorte. Na mesma quinta-feira, pela manhã, a presidenta Dilma Rousseff havia inaugurado, justamente em Mato Grosso, o maior complexo de carga intermodal da América Latina, na cidade de Rondonópolis. Ali já chega a ferrovia Ferronorte, por onde escoa boa parte da produção de grãos diretamente até o porto de Santos.
Em outro trecho, Aécio aparece trafegando em São Paulo. Fugiu de falar em metrô, após o recente escândalo da Siemens. Elogiou a gestão de seu colega de partido, o governador Geraldo Alckmin (que não apareceu em momento algum do programa), no quesito escola técnica. Ficou estranho ele não ter elogiado o ensino técnico de Minas Gerais, onde ele foi governador por oito anos. Limitou-se a elogiar a educação básica de seu estado genericamente.
No fim, ele tentou mostrar sintonia com a juventude que foi às ruas, se conversando com um grupo de jovens, sentado em uma escadaria, e dizendo que estava todo mundo cansado de enrolação. Na sua preleção, porém, não falou nada sobre saúde, o pouco que falou sobre educação foram platitudes, não deu nenhuma proposta para combater a corrupção, nem de cortar custos e privilégios no Senado, muito menos de reforma política, custeio de campanhas eleitorais etc.
Resultado: a propaganda foi esteticamente bem feita, bem produzida e orientada por pesquisas qualitativas de opinião. Mas fica a dúvida: será que Aécio e o PSDB conseguiram convencer que tenham realmente algo a oferecer?
Fonte: Rede Brasil Atual
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