Neste segundo caso, João Paulo Cunha foi condenado por seis votos a cinco e, portanto, terá direito aos chamados embargos infringentes. Dos réus que apresentarão recursos, ele foi o primeiro a falar e, numa entrevista concedida à jornalista Vera Rosa, do Estado de S. Paulo, desconstruiu a acusação pelo crime de lavagem de dinheiro.
"A peça apresentada pelo ministro Joaquim Barbosa é digna de um roteiro literário. No caso da lavagem de dinheiro, a minha mulher foi ao banco, entregou a identidade, tirou xerox, assinou, pegou o dinheiro, pagou o instituto de pesquisa, recebeu a nota fiscal. Então, onde tem lavagem? Lavagem significa alguma coisa suja. Esse dinheiro não era sujo", diz ele. João Paulo afirma ainda que não se tratava de dinheiro público, mas sim de recursos do PT, obtidos por meio de empréstimo.
Em relação à outra acusação, a de peculato, ele afirma que o valor de R$ 1 milhão recebido pelas agências de Marcos Valério não foi desviado da Câmara. Ao contrário, tratava-se dos bônus de veiculação, pagos aos publicitários por veículos de comunicação que usam essa prática (como é caso de Globo e Abril), para receber os anúncios. "Esse recurso, na casa de R$ 1 milhão, corresponde à comissão que a agência SMP&B ganhou dos veículos de comunicação, em 2004, por anúncios apresentados. Então, qual é o desvio? Era uma previsão contratual, legal. Eu não tenho nada a ver com o peixe e vou pagar?", diz o deputado petista.
O parlamentar prevê ainda um acerto de contas entre a História e o Supremo Tribunal Federal. "Esse julgamento entrará para a lista de mais um erro do Judiciário. Joaquim Barbosa faz o papel do tenente Vieira no caso dos irmãos Naves. Guarda semelhança porque a população de Araguari (MG) queria o linchamento e a prisão dos irmãos, a polícia acusava (tenente Vieira era o delegado), o juiz foi conivente. Ao final, concluíram que os dois irmãos eram inocentes. O processo do mensalão vai ser semelhante", diz João Paulo Cunha, que também pediu que o novo relator, Luiz Fux, dê ouvidos aos argumentos da defesa.
João Paulo Cunha também criticou diretamente o ministro Joaquim Barbosa, eventual candidato à presidência da República ou ao governo de Minas Gerais, pela constante busca dos holofotes. "Se o ministro Joaquim Barbosa quer disputar a opinião pública, que vá para Minas ou entre num partido aqui em Brasília e dispute eleição", diz o deputado. "Ele não pode ficar, da cadeira de presidente do Supremo, falando bobagem, sem dar direito ao réu de ir se defender lá. Eu estou pronto para qualquer dia ir lá no Supremo e pedir para ele deixar eu falar lá da tribuna dele, para responder ao que ele fala no microfone, não nos autos. Justiça tem dois pratos. A balança do ministro Joaquim Barbosa tem um prato só, o da condenação. Então, ele não é juiz. Ele é promotor", afirma.
Por fim, o parlamentar promete lutar pela preservação de seu mandato. "Não vou renunciar. Eu pretendo levar o meu mandato até o último dia. E vou levá-lo."
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