O discurso ambiental progride.
Minha geração de ecologistas e ambientalistas cresceu inspirada pelo discurso do Chefe Seatlle, que é de fato bonito, contém várias ideias interessantes sobre a ética ambiental, mas é um tanto ingênuo também, senão pela idade, também pelo fato de ter sido colocado na boca de um indígena. Se você não sabia, saiba agora que o grande ícone ambiental é uma farsa. Se o tal chefe falou aquilo não se sabe, porque teve dois tradutores no meio e ninguém anotou o resultado final.
O discurso do chefe Seatlle, apesar de sua beleza, contém a violência de colocar palavras em boca alheia, e é mais resultado de imaginação ficcional que registro histórico.
A felicidade é que a fila anda. Acabo de ler o último discurso do presidente do Uruguai na ONU.
Eu, que já admirava a vida e os valores dele, agora admiro também a maneira como escreve. Estão lá todos os motivos, causas e razões. Ele também foi feliz na escolha do tom das soluções. Nem festivo (sigam me, eu tenho a solução!), nem pessimista (esqueçam tudo, esta é a natureza humana).
Leia lá para ver um belíssimo bordado da vida moderna, história, ambiente e economia, isto feito por um “hippie velho”. Recentemente, o amargo Luis Felipe Pondé escreveu que não há nada mais feio que um hippie velho, um exibicionismo por parte de alguém cuja fama subiu lhe à cabeça e encontrou amplo espaço vazio.
Não há nada mais belo que alguém que ganhou experiência, melhorou e manteve a coerência. Ao contrário de nossos três últimos presidentes, José Mujica é fiel ao seu passado.
É exatamente o que o faz tão belo.
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